sexta-feira, 20 de maio de 2011

Experiências: Fotografando Comida


Na última terça-feira (17/05), fui convidado a fotografar pratos de um restaurante de comida japonesa.
Bom, como muitos acham, talvez fotografar algo inanimado seria mais tranquilo e rápido do que dirigir uma modelo ou um casal de noivos, por exemplo. Ledo engano, pessoal.
O fotógrafo que vos escreve resolveu experimentar um método de fotografia que está muito em moda e que costuma facilitar a vida do profissional. Estou falando da utilização de flashs dedicados disparados remotamente.
 Na verdade, eu criei um estúdio portátil com dois speedlites da Canon 580 EX II, acoplados a dois softboxes de 60 x 80 centímetros. Na primeira impressão, muitos poderiam me criticar por utilizar um softbox muito grande para um flash dedicado, mas constatei que o estúdio portátil funciona bem, com algumas ressalvas.
Para o disparo, não utilizei qualquer tipo de cabo e sim, o recurso que a minha máquina (Canon 60D) oferece:  transmissão de rádio e da fotocélula do modelo citado de flash, disparado a distância. Bom, vale lembrar que da Canon apenas os modelos 60D e 7D conseguem essa proeza, que pra mim é fantástica.

A PRODUÇÃO

Para me ajudar, levei uma produtora que ficou por conta de desenvolver os pratos e arrumá-los da maneira que uma boa foto publicitária de comida exige. Por se tratar de um restaurante de pratos japoneses, confiamos na capacidade do sushiman de elaborar pratos ricos em detalhes e enfeites, o que prejudicou um pouco a qualidade das imagens.
É fato, fotografia de comida NÃO PODE TER MUITOS DETALHES e deve ter pouquíssimos ornamentos.
Na verdade, utiliza-se destes recursos apenas parar preencher espaços ou colorir uma comida monocromática. O que as pessoas querem ver são os detalhes do alimento, portanto, não exagere em algo que não será vendido.
A foto tem que aguçar o paladar do possível cliente. Um punhado de nabos ralados ou pepinos fatiados dificilmente  causam essa impressão.
Assim sendo, vale levar como experiência que, quem monta os pratos de maneira mais harmoniosa é a produção. O cozinheiro, neste caso o sushiman, sabe apresentar a comida da forma que agrada os olhos do cliente sentado à mesa, mas não imagina como será o resultado ao ser fotografada.
Tome cuidado para não descaracterizar o padrão em que o restaurante apresenta seus pratos: trabalhe em conjunto com o cozinheiro - isso pode mexer com o ego de alguns, afinal você está modificando um trabalho que é especialidade dele.

RESULTADO

Acredito que as imagens dizem por si só. Foi um trabalho que levou em torno de 5 horas. Muito tempo,  já que este tipo de fotografia não exige muita produção como um grande editorial de moda. Por isso, vale a pena ir com as idéias totalmente prontas e com noção do tempo de preparo da comida. Isso também atravancou bastante o desenvolvimento e agilidade do trabalho.
Ao final, cheguei a algumas conclusões:

1)Utilizar-se do estúdio portátil com flashs dedicados é uma ótima pedida, mas não para este trabalho. Aconselho que onde há fontes de energia (leia-se tomadas), não custa levar as tochas de flashs usadas em estúdios convencionais. Como os speedlites exigem um sinal de luz disparado pelo flash built-in da câmera, os cliques muito próximos aos pratos de comida não acionam os dedicados (a luz não encontra a fotocélula do flash!). Com isso, muitos disparos são perdidos. O ideal é manter uma certa distância (aproximadamente 2 metros).
2)NÃO UTILIZE TELEOBJETIVAS, a não ser que seja uma objetiva macro. As teles distorcem a imagem, causando um achatamento dos planos. Pode ocorrer deformação das louças (pratos, garrafas e etc). O ideal são as lentes normais.
3)A produção deverá montar os pratos. Se necessário, peça ajuda ao chefe de cozinha.
4)Agilize a sessão de fotografias visitando o local antes e já combine com o pessoal do restaurante como serão feitas as imagens. Isso economiza muito tempo.
5)Um tratamento pós-produção é de suma importância. Comida exige um tratamento com altos contrastes para revelar os detalhes.

Gostaria de agradecer ao Caio e ao Wagner do Restaurante Harmony e à Mariana Coelho que me ajudou a produzir a sessão. Um toque feminino nessas horas é sempre bem-vindo.


Utilização de flashs dedicados com softboxes.

 Alguns pratos quentes que resolvemos unificar.

Imagens com alto contraste ajuda a mostrar os detalhes da comida.


Neste prato de yakissoba, os legumes devem ser colocados individualmente para ficar dispostos de forma harmoniosa.

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